Parece até que eles sabiam. Em um ano difícil, duro como foi 2016, os jacarandás da praça Coronel Pedro Osório e os ipês da 7 de Setembro, centro de Pelotas, formaram durante novembro e início de dezembro o tão belíssimo quanto tradicional tapete de flores, acalentando os corações dos pelotenses em momento de crise financeira, política e moral do país. Ficou a curiosidade: como as árvores foram parar lá?

A resposta quem tem é o professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (FaE-UFPel), Eduardo Arriada. Ele conta que a praça Coronel Pedro Osório sofreu duas grandes reformas. A primeira, nos anos 1920, priorizou a construção e o plantio de arbustos e canteiros. A segunda, dez anos depois, foi liderada pelo agrônomo polonês Ceslau Maria De Biezanko.

Após planejar o novo espaço, ele introduziu uma grande diversidade de plantas exóticas - no sentido de não serem nativas da região. Estavam nesse projeto árvores como o ulmus, o carvalho, o cipreste, a cecoia e, finalmente, as alamedas de jacarandás, já com o objetivo de que, durante a primavera, grandes tapetes naturais lilases se formassem na praça. “Tanto o jacarandá quanto o ipê, até mesmo.”

Para Arriada, o trabalho de Biezanko foi importante para que Pelotas ficasse conhecida como uma cidade de grande diversidade arbórea. “Seu papel também foi possibilitar a multiplicação de mudas, eu mesmo peguei muitas e levei para outras cidades. É bem possível que muitas dessas árvores tenham se estabelecido apenas após muitas tentativas”, completa. O professor conta também que na praça Cipriano Barcelos, por ser um local mais úmido, não foi possível gama tão grande de plantas exóticas.

Conheça as plantas
Jacarandá-mimoso
As belas flores lilases que enfeitam a praça Coronel Pedro Osório são nativas da Argentina e da Bolívia. Tem porte médio - 15 metros - e copa rala. Suas flores nascem durante a primavera e deixam de existir durante o inverno. No Brasil, ela é comumente cultivada nos estados de Minas Gerais e São Paulo.

Ipê-amarelo
O ipê-amarelo é uma árvore de porte grande, podendo atingir de 30 a 60 metros. Sua floração amarela tem início no final de agosto e é cultivada em todas as regiões da Metade Sul do Brasil, país do qual é árvore símbolo.